Crescimento do e-commerce pet supera avanço de lojas físicas

Alimentação puxa crescimento consistente do comércio eletrônico no setor

Por Marcia Arbache

O volume de negócios no e-commerce pet cresceu 16,3% em 2024 na comparação com o ano anterior e o avanço percentual permanece superior ao das lojas físicas – cuja alta foi de 12,6%. E pela primeira vez as vendas online superaram cifras de R$ 5 bilhões.

A receita no ano passado totalizou R$ 5,7 bilhões, considerando os segmentos de alimentação (ração), acessórios, higiene e limpeza. É uma evolução acelerada e consistente na visão de Neotrust Confi, consultoria de inteligência e dados que analisa 1.019 tipos de e-commerce do país.

Com base em dados do Instituto Pet Brasil (IPB), Francesco Weiss, CEO da empresa, frisa que o item alimentação teve incremento de 18% e foi o destaque do mercado pet digital, com Premier Pet e Fórmula Natural nas primeiras posições. O valor do tíquete médio nessa categoria teve leve queda, de R$ 52 para R$ 51, mas foi equilibrado pelo valor da comida para peixe, na faixa de R$ 104.

Planos de saúde animal e PIX puxam e-commerce pet

Weiss enumera alguns fatores que estão impulsionando o e-commerce pet. “A introdução do PIX diminuiu a incidência de fraudes, garantiu mais confiança e estimulou a digitalização do consumidor”, avalia. Ele cita também a maior preocupação com a pesquisa de preços, parte da jornada de compra, facilitada por ferramentas de busca na internet.

Francesco Weiss, CEO da Neotrust Confi: maior acesso a dados e advento do PIX ajudam a acelerar vendas online | Foto: Divulgação

“As perspectivas abrem-se ainda mais com a elevação da oferta de seguros de saúde para pets no varejo, que está sendo levada para o e-commerce, um atrativo a mais para tutores que querem investir no bem-estar do pet. É um canal de comunicação mais ativo para o relacionamento entre tutores e varejistas”, pontua.

O crescente cuidado das famílias com seus animais de estimação também fortalece esse mercado. Para ilustrar esse cenário, a categoria medicina e saúde apresenta um dos maiores tíquetes médios, no valor de R$ 104, seguido de higiene e limpeza, com R$ 57. “Se esse fôlego se mantiver, o faturamento pode alcançar R$ 7 bilhões”, projeta.

Sob outro ponto de vista, o consultor refere-se ao e-commerce pet como uma oportunidade de interação de marcas pequenas, médias e regionais do setor com os clientes. “Esses fabricantes ficavam muito na mão de varejistas e distribuidores. Hoje aparecem mais para o consumidor final via canais digitais”, afirma.

Sites de varejistas pet e aplicativos à frente da competição

Diretora de contas da Kantar, Roberta Forte confirma a expansão do e-commerce pet apresentando outros dados. A comercialização de alimentos (seco, úmido e snacks) para cães e gatos fechou o ano passado com crescimento de 35,9% em volume, taxa que dobrou nos últimos dois anos. “Mesmo sendo uma linha com menos peso dentro das categorias de produtos pet, já tem a terceira maior contribuição, de 1,1%”, completa.

Aplicativos e sites de varejistas são os principais beneficiados por essa dinâmica. “As grandes redes que trabalham com programas de desconto por recorrência, frete grátis e preços mais acessíveis para grandes volumes de compra entram na rotina dos consumidores pela via digital e constroem lealdade”, comenta.

Além disso, aumenta a diversidade de canais. O tutor vai à loja física para compras pontuais e recorre ao e-commerce quando precisa de maior quantidade de diferentes produtos. Nesse movimento a executiva vê grandes varejistas de diversos setores, não só do mercado pet, se apropriando de uma jornada 360° do consumidor. “Não só captam o cliente no PDV, mas também no momento em que ele vai para o canal digital”, explica.

Compras online são top of mind do mercado pet

No quesito alimentos para cães e gatos, o e-commerce responde por um volume perto de 5%, equivalente a um crescimento de 117% no intervalo de dois anos. “São mais lares comprando alimentos industrializados para os pets”, contextualiza. No caso específico de cães, 52,6% dos tutores oferecem refeição processada e 45% dos animais consomem um mix de comida caseira e de fabricação comercial. Ou seja, quase 100% dos pets nutridos com ingredientes provenientes da indústria.

De modo geral, 30% dos lares brasileiros hoje compram bens de consumo rápido por meio dos canais digitais, o maior patamar de penetração já verificado e que segue em ascensão.

Em sentido oposto, quem perde em interação são os pequenos pet shops, compreendendo os de bandeira independente e casas agrícolas. Segundo Roberta, há quatro semestres esses varejistas vêm perdendo terreno em relação a redes maiores do setor e ao próprio e-commerce. “A retração em volume de vendas chega a 41%”, revela.

Fonte: panoramapetvet.com.br

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